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domingo, 26 de junho de 2011

Depois da tempestade


Um dia vai passar
Uma semana vai passar
Um mês vai passar
Um ano vai passar
Depois daquela garoa fina
Daquele frio, do silêncio
Oh silêncio! sábio silêncio
Graças a ti tenho muitas repostas
e soluções para dores inevitáveis
dói e como dói
mas passa
como a chuva que passa
pro sol poder aparecer e nos aquecer
depois da tempestade, tudo passa,
tenho certeza que passa!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O tempo tá passando e aí?


Concentro-me aqui e não sei o que realmente escrever. Penso em várias coisas a serem ditas e nada consegue ser expressado nessas linhas. É fácil falar do que aconteceu, do que desejamos que acontecesse. Conforme vou escrevendo as palavras sem sentido, vai fluindo as idéias pra formar um texto com algum significado. Um significado pra mim, que faça refletir sobre meus próprios problemas a fim de encontrar uma solução ou algum conselho de alguém. Vou falar do tempo. Do tempo do relógio, do tempo da nossa vida, do tempo que a gente perde e do tempo que a gente pode ganhar. 

Desde a última quarta-feira onde conversei com uma simpática senhora de 90 anos, tenho refletido mais sobre essa questão. Numa atividade da aula de fotojornalismo, eu e meus colegas fomos incumbidos de registrar alguém que vive no Asilo São Vicente de Paula aqui em São Borja. Chegando ao local num salão imenso cheio de vovôzinhos sentados das mais diferentes personalidades, comecei a analisar de longe cada expressão, cada movimento pra ver se eu encontrava o tal vovô. Chamou-me a atenção uma senhora sentada numa poltrona verde limão. Sempre séria, ela observava tudo em volta. Eu queria encontrar alguém com um sorriso no rosto, pensei que seria um desafio fazê-la sorrir. O professor nos liberou pra escolher e fui atrás de algum sorridente. Impressionante que meus colegas já iam direto aos escolhidos. Caminhei e nada. Até que na minha frente o sofá verde limão brilhou e vejo um sorrisão estampado na face da Dona Francina. (Será que não foi o sorriso dela que brilhou?) 

O sorriso que me cativou
Pronto: Era pra ser desde o ínicio, desde que coloquei o olho nela. Fiquei tão extasiado e ao mesmo tempo com vergonha dos meus pensamentos de julgamento sobre ela. Pensei na hora: Não vou mais julgar o livro pela capa. Eu sempre bato na mesma tecla. Sempre me surpreendo.
Sentei ao seu lado e comecei a conversar. Foram as 3 horas mais bem aproveitadas dos meus últimos dias. Estava muito bem acompanhado. A inocência, a carência, a vontade de querer alguém pra conversar me cativaram deveras. E aquele sorriso que eu procurava, agora permanecia constantemente em nossa conversa. Ganhei na loteria pensei. Conheci suas acomodações, seus vestidos de prenda. Disposta a fazer as poses, ela se impressionava com minha paciência e vontade de fotografar. Sempre atento, eu prestava muita atenção nas histórias que ela me contava. Pude absorver sentimentos puros e bons. 

Dona Francina, 90 anos
A lucidez de Dona Francina era algo que chamava muito a atenção. Fiz uma amiga em pouco tempo. Prometi voltar pra visitá-la. E voltei. Perguntei se ela se lembrava de mim ainda. Disse que não. Quando perguntei se ela se lembrava do guri paciente que adorava fotografar, ela deu uma gargalhada e pegou da minha mão. Fiquei feliz em saber que alguma diferença eu fiz na vida dela. Como ela fez na minha. A partir desse dia comecei a pensar no que eu realmente tô investindo nos meus dias. 

O tempo sempre foi uma palavrinha que me instigou. Depois dessa experiência constatei que sempre fui fascinado por ele. Que tal a gente parar um pouco e respirar? Que tal a gente avaliar como anda o nosso tempo? Tenho aproveitado ele da forma certa? Tenho vivido como se não houvesse o amanhã?
O meu receio é chegar num certo momento, olhar pra trás e perceber que o tempo passou e eu não o aproveitei. E aí o que restará? Só o arrependimento? Quero mais que isso. Quero ler mais, quero me preocupar menos, quero ficar mais tempo com minha família e meus amigos, quero  sorrir mais (como a Dona Francina), viajar mais, reclamar menos, amar mais. O dia de hoje não volta, nada volta e nós temos apenas 24 horas pra poder fazer o melhor, ser melhor.

Quando acordamos temos duas opções: levantar e fazer daquele dia o melhor ou continuar com as velhas lamentações e viver só mais um dia como outro qualquer.
As oportunidades não são dadas duas vezes. A gente acredita que precisa de um choque, uma sacudida pra acordar ou de uma pessoa. Será a dona Francina?  Realmente pode ser uma verdade. Mas vamos ficar esperando até quando? Esperar passar o tempo? Devemos agir pra mudar, pra transformar. Só assim as coisas vão tomando seu rumo e se ajeitando. Uma coisa leva a outra e nada é por acaso. 

Como no dia em que eu troquei olhares com a senhora de 90 anos que me ensinou a não se preocupar tanto na vida. Que talvez o segredo de viver mais seja viver de bem com tudo e com todos. Sem reclamar e tornar as coisas mais difíceis do que elas são. Simples? Não sei, mas quero saber antes que o tempo passe e eu nem perceba. Como canta Lulu Santos “Não há tempo que volte..., vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir...