O que é filosofar?
Filosofar faz a gente pensar. Gera uma transmutação do nosso consciente. A capacidade que a filosofia possui de fazer o sujeito pensar, se mostra como um grande desafio. Para filosofar é preciso raciocinar, e convenhamos: atualmente muita gente não está a fim disso. Uma geração totalmente digital, que acorda, almoça e dorme na frente do computador, vive 24 horas por dia em função dele. Assim é fácil pensar. Vou ao Google, não sei o que significa tal palavra e em segundos já tenho a resposta bem ali na minha frente. É lógico que não podemos deixar de lado os inúmeros benefícios que a rede proporciona, mas que ela não ajuda o sujeito a pensar, ah isso eu tenho certeza! Digo isso grosseiramente, pois pouca gente lê algo e reflete, ou melhor, raciocina com profundidade. Por isso a filosofia é importante nas nossas vidas. Parece que nos torna mais humanos, mais sensíveis sobre a realidade que nos cerca. A oportunidade que tive durante este semestre na disciplina de Filosofia da Comunicação, foi maravilhosa. Conheci filósofos como Nietzsche, Foucault e Deleuze. Minha cabeça logo depois das explicações do professor Geder, saía a mil. Deitava e meus pensamentos giravam. O que é verdade? A filosofia e o jornalismo têm isso em comum: a busca pela verdade. Existe objetividade no jornalismo? O que é bem e mal?
Pra que serve a filosofia no jornalismo?
Fazendo um balanço geral, me perguntei: afinal para que serve a filosofia no jornalismo? Além de proporcionar uma formação humanística sólida, a filosofia tem o propósito de fazer o futuro jornalista se auto-criticar, não se tornar apenas um robô impregnado de técnicas. É ela que vai te dar base pra editar uma matéria e fazer perguntas interessantes. O sujeito precisa da filosofia pra ter discernimento na aplicação dessas técnicas. Quando se escreve um texto, se escolhe uma pauta, uma fonte, tudo envolve uma questão em que a filosofia se encaixa. A filosofia aliada à antropologia, a sociologia e a psicologia são bases imprescindíveis para uma carreira jornalística de qualidade. Alguns aforismos que gostaria de ressaltar: Para a filosofia, a realidade não pode ser aferida pela visão, não é o olhar que determina o real. Então a partir desse aforismo eu me pergunto: o jornalista quando presencia algum fato como testemunha ocular, logo depois que passa essa informação para o público, ele está revelando a verdade como ela é? Se partirmos do que a filosofia diz, ele não estará mostrando a realidade. Mas toda notícia ou reportagem consegue mostrar 100% da realidade? Entra aí a questão do subjetivismo. É importante destacar que não podemos confundir objetividade com antônimo de subjetividade. Objetividade não é oposição a subjetividade. Objetividade é o sinônimo para clareza e até na subjetividade o jornalista deve ser objetivo. Toda vez que o profissional de jornalismo veicular a informação que presenciou, estará sendo subjetivo nas suas palavras, na escolha do seu tipo de texto. A verdade como ela é, será vista de maneira diferente por cada um. O que nós tentamos fazer é mostrar a realidade próxima ao que de fato ela é. Temos uma obrigação, um compromisso social em sermos claros, de nos fazermos entender. Sempre tive em mente que ao fazer jornalismo, eu poderia ajudar as pessoas a encontrar a verdade. Mostrar a elas que é possível mudar o mundo em que se vive. Eu posso fazer as pessoas chegarem perto da verdade, mas encontra – lá, vai depender de cada um. A apresentação do seminário sobre retórica jornalística me faz lembrar uma parte em que o autor, na qual eu não lembro o nome, diz que a verdade jornalística é muito questionável. Ao darmos crédito a fonte, como vamos saber se essa fonte tem uma verdade inquestionável? Quando a gente fala do jornalismo que busca a verdade, temos que encarar isso como uma persuasão através da fala. As notícias não são a realidade, nem o seu espelho. Hoje em dia o jornalista não é mais um especialista, ele virou um generalista, um profissional com a visão do todo. Por isso a filosofia é mais importante ainda. Ela nos ajuda também a pensar na ética. É possível equilibrar a ética de convicção com a ética de responsabilidade? É difícil, mas não impossível. Estamos vivendo na era, onde o jeito de fazer jornalismo, o ethos, está mudando e o jornalismo da objetividade cumpriu sua missão. A informação que o leitor procura saber requer cada vez mais apuração. Não se faz jornalismo sentado em uma cadeira, mandando e-mails e telefonando para as fontes. É necessário ir às ruas para ter mais veracidade sobre os fatos.
A filosofia fora da academia
Nas discussões em sala de aula, pudemos fazer reflexões importantes sobre a nossa profissão e o mercado de trabalho. O dilema mercadológico ainda é um fator muito difícil de ser vencido. Não podemos deixar que o ideal que é construído aqui na academia, se desfaça quando começarmos a trabalhar. Não podemos ficar a mercê das grandes organizações. É preciso batalhar para buscar o nosso lugar ao sol e acima de tudo um sol que possa radiar ao máximo de pessoas possíveis. Não deixar que os bens externos desvirtuem o nosso jeito de fazer jornalismo. A filosofia pode contribuir para essa transformação. Ela tem a capacidade de fazer com que o sujeito possa olhar as coisas sob óticas mais profundas e assim levar ao maior número de pessoas, o poder de tornar o homem mais humano e menos máquina. Ao conhecer idéias de outros pensadores, confrontar com a nossas já impostas e pré-estabelecidas pela sociedade, por que não construir uma nova forma de pensar, ou melhor, por que não trazer um novo formato de jornalismo? Filosofar requer vontade. Uma vontade de poder talvez, segundo Nietzsche. Uma vontade de viver a filosofia com o mesmo impulso de se viver a vida. O jornalismo por tratar da sociedade, deve embasar-se cada vez mais com a filosofia. Quando tivermos sujeitos amplamente capazes de filosofar enquanto fazem jornalismo, teremos uma profissão mais dignificante. A filosofia está mais presente no jornalismo do que pensamos.