Época de veraneio pra mim, sempre teve aquela cara de dias longos, sem nada pra fazer, só de pernas pro ar. A brisa do mar, o sol torrando a pele e ardendo depois. Medo da mãe d’água e do siri. Protetor espalhado por aí, sacolinha de lixo lá, frescobol, guarda-sol e churrasquinho. Abre cadeira, fecha cadeira. Procurar lugar pra estacionar, visitar os molhes, andar de vagoneta, escutar o tio gritando: - olha o camareeeuu... (pra quem conhece o Cassino sabe do que falo!). Areia no carro, em casa, na cama, em tudo. Comilança, comprança e aquela gostosa preguiça. Milho, cerveja, caipirinha e mais areia atrás da gente. Há tempos atrás eu achava tudo isso um saco, vivia de cara amarrada por ter que veranear por quinze dias, uma semana tava ótimo. Oh coisa boa que eu mudei de ideia! Agora achei algo pra fazer: me conhecer e aprender a conviver comigo. Muita coisa nova tá surgindo, descobri ser fã de crônica, do David Coimbra e da rádio Atlântida, de novela, filme brasuca e palavras cruzadas. Nunca pensei que passaria horas vidrado, querendo desvendar as palavrinhas nos quadradinhos. Até de acordar cedo eu tô gostando e voltando a ler também, oh saudade desse hábito! Estou conseguindo me renovar e é maravilhoso saber que a gente consegue fazer isso, basta querer. Outra coisa que eu me surpreendi e constatei é que o tempo tá passando rápido e eu tô ficando velho. Nestes meus vinte um anos de vida marota eu começo a dar valor pra certas coisas deixadas de lado. Entendo que a culpa é da minha saída de casa pra estudar fora e começar a tentar viver minha vida. Sinto falta da minha família e vejo o quanto eles são importantes pra mim. Pode ser tarde demais pra isso, mas pelo menos tô me dando conta. Brigas, puxação de pé e hora certa pra chegar em casa, eu tava sentindo falta disso. Muita gente não tem a honra e a oportunidade de passar por essa fase. Eu me orgulho em dizer que meus pais tão juntos comigo. A gente cresce e amadurece e sabe quando isso acontece. Cada dia é uma chance pra poder fazer diferente e rever o que importa pra seguir adiante. Não tenho mais aquela inocência de criança e entendo que meus dias tão diminuindo e dos meus pais então... Novos olhares, novas perspectivas, velhas vontades, velhas manias, tudo se completa, tudo faz parte da gente. O mais gostoso é saber que podemos mudar e ainda assim continuar a mesma pessoa. Enfrentar fila de mercado, banco e padaria, engarrafamento e mosquitada. Andar de bicicleta, comer sorvete e brincar com a irmã. Ficar embaixo da árvore, catar uma fruta, olhar o céu, as nuvens, o sol e as estrelas. Pra mim, tudo isso e mais um pouco é o que tem se tornado as férias de verão, férias de verdade, onde a gente não consegue ficar sem fazer nada e reconhece que faz um bem enoooooorme, do tamanho do grito do tio do: - olha o camareeeuu... pode acreditar!
VIGIANDO
Há 10 anos
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